segunda-feira, 1 de agosto de 2011

De amor e desejo me preencho...


Quente, o teu coração quente
pulsa no lusco-fusco.
Palpita em toda a casa
deserta que nos vê.
Galga as sacadas altas,
corre nas avenidas.
É o silêncio do amor
que abre as veias na tarde...

Quente, o teu coração quente,
é uma estrela no escuro
que a pele das tuas mãos
prolonga em minha pele...
quem te amou e é já morto
renova a primavera.

Oh! doce comunhão
de desejo e infinito,
de saudades e de céu,
de paraíso e grito!

Água clara e tremente
a boca, a sede, a fonte.
Flor de sangue à corrente
o teu coração quente. 

Natércia Freire

quarta-feira, 23 de março de 2011

Primavera e amor!!!

Willkommen, schöner Jüngling!
Du Wonne der Natur!
Mit deinem Blumenkörbchen
Willkommen auf der Flur!

Ei! ei! da bist ja wieder!
Und bist so lieb und schön!
Und freun wir uns so herzlich,
Entgegen dir zu gehn.

Denkst auch noch an mein Mädchen?
Ei, Lieber, denke doch!
Dort liebte mich das Mädchen,
Und 's Mädchen liebt mich noch!

Fürs Mädchen manches Blümchen
Erbat ich mir von dir -
Ich komm' und bitte wieder,
Und du? - du gibst es mir?

Willkommen, schöner Jüngling!
Du Wonne der Natur!
Mit deinem Blumenkörbchen
Willkommen auf der Flur!

Friedrich Schiller

quarta-feira, 9 de março de 2011

"e Março ainda não é maio"

Frühling

Nun ist er endlich kommen doch
In grünem Knospenschuh;

Im Garten der alte Apfelbaum,
Er sträubt sich, aber er muss.

Wohl zögert auch das alte Herz
Und atmet noch nicht frei,
Es bangt und sorgt: »Es ist erst März,
Und März ist noch nicht Mai.«

O schüttle ab den schweren Traum
Und die lange Winterruh':
Es wagt es der alte Apfelbaum,
Herze, wag's auch du.

Theodor Fontane

quarta-feira, 2 de março de 2011

Carta de amor

O feiticismo dos nomes

"Tenho o feiticismo dos nomes; e o teu enleva-me e enlouquece-me. "Eduardo"! É viril, é elegante, é italiano. Quando o pronuncio, em voz baixa, core-me uma cobrazinha pelas costas e gelam-se-me os calcanhares rosados que Deus (ou, se preferes, a Natureza, descrente) me deu. "Eduardo"! Ridente cascata de águas transparentes. "Eduardo"! Amarela alegria de pintassilgo a celebrar o sol. Onde estiveres, estou eu. Quietinha e apaixonada, eu aí. Assinas uma letra de câmbio, uma livrança, com o teu nome quadrissílabo? Eu sou o pontinho sobre o i, o rabinho do g e o tracinho do t. A nodoazinha de tinta que fica no teu polegar. desalteras-te do calor com um copinho de água mineral? Eu, a bolhinha que te refresca o palato e o cubinho de gelo que arrepia a tua língua-viborazinha. Eu, "Eduardo", sou o cordão dos teus sapatos e a obreira do extracto de ameixas que tomas todas as noites contra a obstipação. Como sei este pormenor da tua vida gastroenterológica? Quem ama, sabe, e tem por sabedoria tudoo que concerne ao seu amor, sacralizando o mais trivial da sua pessoa. Diante do teu retrato, persigno-me e rezo. Para conhecer a tua vida tenho o teu nome, a numerologia dos cabalistas e as artes divinatórias de Nostradamo. Quem sou? Alguém que te quer como a espuma à onda e a nuvem ao rosicler. Procura, procura e encontra-me, amado.

Tua, tua, tua
A feiticista dos nomes"

"Os cadernos de Dom Rigoberto"
Mario Vargas Llosa

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O mínimo de nós dois

No pequeno espaço

entre teu olhar e o meu
brilha a estrela do desejo
que nos guia um para o outro



Na ausente distância
entre teus lábios e os meus
brincam e fundem-se os hormônios
da nossa química mais secreta



No mínimo silêncio
onde somente nossos corpos falam
deslizam mãos em carícias
de tatos cegos que tudo dizem



No fugaz e eterno momento
da consumação de nosso amor
gritam gargantas no gozo do prazer
da quase dor desse explodir...



Camila Sintra

P.S.: (será demais dizer que te amo entre cada palavra que leio?)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como Besaras?

Enciendanme tus labios
Nuestros alientos perdidos entremezclandose

Sincroniza nuestro silencio
al perezoso pasar de las horas.

LLeva el aire aromas de cacao,
nuez, canela que me rodean

Tiembla conmigo
con pausas paralizantes

Quizá no pueda respirar más
sin respirarte a ti.


Judith Pordon 

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Meu corpo teu ninho

A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca me arrepiam
Teu cheiro me habita a alma e meu peito, arfante, te recebe.
Me abraça, vem dormir comigo
Me ajuda a apagar do peito aquela dor do querer.
A noite se instala em mim.
Lá fora, apenas o silêncio da noite do teu olhar.

Vem.
Ocupa com teu corpo esse abrigo que te chama.
Volta a ser minha morada, teu abrigo
Faz de mim tua caverna, teu porto seguro.
Faz do meu corpo teu ninho.

Atordoada pelas saudades crescentes,
meu corpo todo se ouriça à tua procura
 .


Léa Waider